Ele nunca foi otimista, infelizmente
nasceu com a percepção de que o ser humano é autodestrutivo desde a
essência da sua criação. Não creditava sua força e juventude nos ideais de
libertação do homem e dos outros animais uma vez que não tinha, verdadeiramente, paciência
para o discurso social, pois aprendeu a querer mergulhar nas pessoas e sempre
ajudou a mãe com o jantar e a louça por amor.
sábado, 26 de janeiro de 2013
quarta-feira, 16 de janeiro de 2013
No calor dos quartos, nas salas fechadas, grita
em vermelho o meu lado mais bestial. Pouco me importa qualquer filosofia de uma
vida mais equilibrada. Eu quero cinquenta membros cortando a minha carne paralisada
para que depois dessa morte surjam palavras desconexas, para que eu desaprenda
qualquer coisa. Eu quero da maneira como faz um sádico, colocando uma mordaça no seu escravo para que ele perceba e valorize o prazer de respirar novamente.
"Um cafezinho morno, por favor” diz um homem de
terno cinza num posto de beira de estrada.
Por favor! Eu quero que uma rodovia enfurecida passe veloz por cima de
mim, pois sou fraco, sou bicho que precisa se encostar em cercas vivas
e sentir o ardor despertar do mastro espinhento que sustenta a bandeira retraída
do nosso país.
Eis uma história:
À noite ele acordava, lá pelos seus oito anos
de idade, o quarto muito quente e um palhaço de neon em cima do criado mudo. Seu
corpo ia desajeitado pela escuridão ameaçadora, coberto pelo algodão do pijama com estampas de super-heróis que
lhe prendia a circulação. O desconforto de ficar sozinho o levava à cama dos seus pais, a cama da sua concepção, e esta lhe acompanhou pelas noites como uma cruz sendo carregada pela via dolorosa. A cama da sua própria concepção sobre
a sua cabeça, tal qual uma coroa de espinhos. Morria todas as noites de braços abertos
com cravos entre suas mãos e pernas.
Mas voltando...
O calor dos lençóis, das roupas de baixo... me
livro de tudo, e ainda assim, é inútil lançar mão dessas coisas se não tocarmos fogo na nossa cama. Tem
que fazer no chão, no meio da sala, bem animalesco. Depois um cigarro. Depois as
delicias. Depois o véu: finalmente o amor desabrocha. Fazemos amor com essa calma. Alguma coisa sua cresce dentro de mim e volto como um homem melhor todas as vezes.
Agora está bem: boa noite e durmamos em paz.
Agora está bem: boa noite e durmamos em paz.
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