quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Às vezes eu sonho ser uma dona de casa, dessas absolutamente sozinhas às dez da manhã. Uma mulher que conhece o espírito de cada hora do dia de tanto sentir e observar - três da tarde tudo pode ser doloroso demais em toda parte -, sabe das tragédias do mundo como ninguém, e também sabe escolher o corte de um bom bife. Não uma acostumada com a submissão; planeja e executa com precisão a janta, limpa todos os cantos da sua casa, faz a cama e desfaz delicadamente cada vinco nos lençóis,  aprende a conhecer o cheiro das coisas, a tirar vestígios e manchas... e canta o dia inteiro! Mas é pouco notada nas escadas do prédio onde mora, no entanto, é nesse quase anonimato que ela é mais livre do que todos nós. Ela é poeta.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Do que eu gostaria de dizer na velhice:
não sei ao certo se compreendi felicidade
- talvez seja uma maravilha de doença mental -.

segunda-feira, 14 de outubro de 2013



o homem real tenta  perseverar no lodo
dentro do homem fantástico
que rebate o chicote na carne:

eu fantástico, brigo, exijo, ponho o dedo na cara e na ferida;
eu real, respiro e solto, faço apenas o que tenho que fazer,
sem  reclamar.