quinta-feira, 17 de maio de 2012

Asas de Outono

Vontade de expandir, deixar que o meu coração exploda e se espalhe em mil pedaços, como formigas com asas-de-chuva borrando de vermelho as nuvens cinzas no céu. Uma vontade de me permitir essas coisas que são total perda de tempo, pois a gente teme a morte sem glórias, mas com a morte tão iminente, a minha glória é me contorcer num movimento de dentro-e-fora a cada novo dia, alimentando-me de Deus e de tudo, tecendo as minhas asas à noite para que elas se estendam a cada amanhecer, todos os dias da minha vida. Meu coração tem vontade de se soltar, de criar asas quando a chuva molha a copa de uma folha, de flutuar em busca dessa luz que não aguarda, que raia, que queima: meu coração tem necessidades. Ele quer escorrer pelo chão e evaporar e encharcar todo o meu corpo jogado no olho de um furacão e me sufocar de amor.

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