O amor é árvore viçosa e firme no chão do
deserto? Ou vento que chove e duna um mar de areias secas? O que tive de
minha mãe era forte e frutífero como a seiva do seu peito, o sisal do seu
ventre e o jenipapeiro no cerrado do seu abraço. O que tive desse cabra era
disperso, pronto para voar sobre açudes, correr a galope o vento barroso na
anunciação da estiagem. (...) O amor é água e é barro; vento para secar o barro
e a água para molhar o barro; barro para encher de água e acalmar a sede; água
para ficar de pé e caminhar por um chão, um chão de barro, um chão de recomeço
passado do pai até o filho; é um silencioso e infinito sertão visto pelas
frestas de uma meditativa porteira.
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