Por trás da minha pele parda
O tempo embaixo dessa camada fosca
Um visco acoplado em células adormecidas
O universo me impõe a reorganização dos trejeitos da minha alma
Nem sempre de maneira apaziguada
Eu procuro o inusitado que rejuvenesça a minha carne apodrecida
Na minha revolta, bato a porta com força e saio no meio da noite
Quando fica humanamente difícil
Aceitar os desencadeamentos das nossas vidas
E a insuportável sensação de que nenhuma estrada
É verdadeiramente paralela à outra
Quando um raiar de dia nos faz envelhecer,
E envelhecer nada mais é do que saber-se ainda mais só,
Os sonhos começam a se dissipar,
varridos por um outono atroz
À tarde, uma serpente trocando de pele na sua dança hipnótica
Aparece como uma miragem na minha janela
E uma voz sedutora repete constantemente dentro de mim:
- Substância: um sonho.
Sonhar é o que nos resta!
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