domingo, 3 de março de 2013

Para Leknar

Ele me disse que a sua pele queimava de sol, então saímos para andar juntos por aí. À noite, quando nos deitávamos, eu lhe falava das coisas bonitas que tinha para lhe dizer, lhe falava das palavras que eu queria que fossem como o chá mais doce, mais reconfortante, palavras que tivessem o frescor dos olhos dele e a imensidão do meu carinho. Impossível de dizer. Nós éramos imbatíveis nos nossos passeios, podíamos andar pelo lugar mais gasto, ou mais improvável, e a vontade de seguir descobrindo não nos abandonava, parecia que iria ser sempre assim. Não vou dizer da dureza de andar sem ele. Agora prefiro que ele saiba como foi bom ter de volta, nem que por uma pequena fração de segundos, o lirismo tão essencial, a imaginação revigorada, uma ilha num mar de abraços e carícias. Ele segurou a minha mão e soltou, não sei se porque quis ou se porque necessário. De qualquer forma, o contato com a  vida sempre me diz que tudo pode mudar. Enquanto eu vou, estou submerso nesse rio que me muda, vejo as folhas que caem lá de cima pacientemente nas águas agitadas. 


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